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Publicado em 2 de Dezembro de 2019

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Por que o Web Summit é o lugar para ver e ser visto

Digo isso porque é lá que podemos encontrar o maior conjunto de empresas e startups que serão as responsáveis pela construção deste novo mundo

Depois de conhecer o Web Summit em 2018 acabei colocando-o na minha lista de eventos imperdíveis para se tomar parte.

E digo isso, não pelo conteúdo dos mais de 1.200 palestrantes que se dividem em algumas dezenas de palcos simultâneos com suas ideias e apresentações, até porque, com raras exceções, conteúdo de fronteira não é o forte definitivamente deste evento.

Também não digo isso por conta de o evento acontecer desde 2016 em Lisboa. Além dos fortes laços culturais que a cidade e o país têm com os brasileiros, a capital portuguesa tem se tornado uma das cidades mais cosmopolitas e dinâmicas do mundo moderno.

Digo isso porque é lá que podemos ver o maior conjunto de empresas e startups as quais estão a construir esse novo mundo. Todo ano faço o papel de startup hunter à procura de aplicações mais interessantes de inteligência artificial no mundo. Neste artigo vou falar das minhas top 5 de 2019.

Mas antes disso não poderia deixar de fazer menção a algumas palestras que marcaram a minha passagem deste ano.


GDPR, LGPD E OS CIDADÃOS CONTRA-ATACAM

Privacidade foi um dos principais temas discutidos no evento. O Web Summit teve em uma das suas palestras de abertura o Edward Snowden. Para quem não se lembra, foi ex-administrador de sistemas da CIA e ex-contratado da agência de segurança norte-americana. Ele tornou públicos detalhes de vários programas que constituem o sistema de vigilância global dos Estados Unidos, com a obtenção de dados pessoais de muitos cidadãos ao redor do mundo.

Snowden começou o evento alertando como o uso inescrupuloso de dados pessoais pode ser empregado para manipular e gerar danos a pessoas e reputações. Assim, o acesso a dados pessoais não é uma atividade inofensiva, muito pelo contrário.

Já no último dia do evento, o tema privacidade voltou a ser destaque com a Margrethe Vestager, uma política dinamarquesa, a qual atualmente é comissária europeia para a concorrência, e tem aplicado duras e altas penalidades às empresas que não estão entrando na linha, quando o assunto é informações e dados pessoais não consentidos. A mensagem dela foi clara: é importante ter muita responsabilidade na utilização de dados pessoais.


Não são os dados que estão a ser explorados, são as pessoas

(Edward Snowden – 4/11/2019)

ROBÔS CADA VEZ MELHORES

Era possível esbarrar em vários robôs durante a feira. Conversei com dois deles e fui servido por um terceiro.

Novamente a Hanson Robotics e a SingularityNet estavam presentes mostrando dois de seus robôs mais emblemáticos. A Sophia e o Philip Dick fizeram um debate interessante que nos deixa muito curiosos a respeito da arquitetura utilizada e quanto da conversa segue um fluxo espontâneo, quanto ainda precisa ser programado e direcionado.

Mas o show à parte foi a entrada magistral do Spot, da Boston Dynamics. Uma coisa é assistir aos diversos vídeos da Boston Dynamics no YouTube, em que várias de suas criações fazem coisas fantásticas, outra, é ver o Spot ao vivo fazendo tudo o que ele faz de melhor, subir escadas, atravessar obstáculos e dançar.

A tecnologia de perto impressiona como os melhores filmes de ficção científica.


BLOCKCHAIN E A ECONOMIA COLABORATIVA E COMPARTILHADA

O browser da Brave e o seu token, o BAT (Basic Attention Token), são um projeto de blockchain que venho acompanhando há algum tempo. Foi uma grata surpresa ver o Brendan Eich, CEO da Brave, apresentar as últimas novidades do projeto.

O Brave, que tem sua versão em português, é um browser que bloqueia todas as publicidades indesejadas no seu navegador de internet e, mais do que isso, permite que você escolha, caso queira, receber publicidade relevante para você.

Por sua atenção, que é monitorada de maneira não invasiva pela câmera de seu dispositivo (eye tracking), o browser distribui criptomoedas (BATs), que podem ser convertidas em dinheiro ou em benefícios para a sua marca preferida.

A proposta é cobrar dos anunciantes um valor para publicar publicidade consentida para uma série de usuários com interesse potencial. Parte deste valor é repassada para os produtores de conteúdo onde a publicidade é apresentada. Outra parcela é convertida em benefícios para o próprio usuário. Ideia muito bacana que funciona inclusive para dispositivos móveis.


Agora sim, sem mais delongas:

AS TOP 5 STARTUPS DE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL VISITADAS (EM ORIGINALIDADE)

CATWALK

A Catwalk é uma startup brasileira que fui conhecer apenas no Web Summit. Há muitas startups brasileiras por lá e algumas mandando muito bem. 

A Catwalk ajuda você a andar na moda por meio de um assistente virtual que auxilia clientes a validar suas escolhas no momento de inspiração e compra.

Deve usar uma arquitetura híbrida com chatbot, aprendizagem de máquina e visão computacional. www.mycatwalk.com.br

ZAAAM

A Zaaam é uma startup alemã que ajuda as empresas nos processos de perguntas e respostas de grandes licitações.

Ela facilita o processo de cotação de projetos complexos analisando as últimas ofertas e os documentos da Solicitação de Proposta (RfP).

Parece-me que ainda estão em fase de testes, mas a solução tecnológica promete ser de grande ajuda para grandes empresas B2B no mundo todo. www.tenderservice.zaaam.online/

HEALX

A britânica Healx tem um propósito muito nobre: pesquisam e descobrem tratamentos para doenças raras. Eles têm o objetivo de melhorar mais de 100 tratamentos até 2025.

Utilizam aprendizagem de máquina não supervisionada entre outras coisas para fazer a exploração de possibilidades.

Focam na descoberta de novas drogas e nas lacunas de conhecimento dos especialistas para acelerar o processo deste descobrimento.

Vale a pena conhecer na www.healx.io que já está há um tempo no mercado mandando muito bem.

VOCHLEA

Você é um músico de primeira linha ou quer fazer alguns arranjos para experimentar uma nova melodia, mas não consegue reunir sempre a turma toda para tocar ou alugar um estúdio? Se sim, a também britânica Vochlea foi feita pra você.

Ela transforma a sua voz, o estalar dos dedos, uma batida de palma ou um tilintar dos dedos em uma mesa na nota mais próxima do instrumento preferido. Usa algoritmos de aprendizagem de máquina e reconhecimento de voz e sim. A facilidade de construção de novas melodias impressiona. A solução já está em pré-compra. https://www.vochlea.co.uk/

BRIGHTER.AI

Tem muitas pessoas preocupadas com a nova Lei Geral de Proteção de Dados(LGPD), que na sua versão europeia chama-se GDPR. O que as pessoas não contam é que a tecnologia pode fazer coisas fantásticas, inclusive resolver problemas de anonimalização sem perder a riqueza dos dados pessoais.

Foi a partir de uma ideia bem bacana de substituir digitalmente faces de pessoas por outros rostos anônimos, mas com boa parte das mesmas características da pessoa original, como cor dos olhos, cabelo, etnia, idade, humor, feições, que faz da alemã Brighter uma empresa pra se ficar de olho. Privacidade é mantida por design da solução com uma elegante utilização de visão computacional e deep learning. https://brighter.ai/

BÔNUS: MISHKA AI

A Mishka não é uma das top 5 por ainda não estar usando inteligência artificial em sua solução. Mas isso faz parte dos planos da startup russa que tem como principal produto um ursinho de pelúcia interativo com uma série de sensores IoT.

Os sensores acessam algumas versões de histórias armazenadas na nuvem que, na sua versão turbinada com IA, vai poder interagir com as crianças trazendo histórias que requerem a repetição de palavras e conceitos, o ensino de novas línguas e a validação da efetividade do aprendizado. Vale a pena monitorar, a ideia é muito boa e encantadora. www.mishka.cloud


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Sobre o Autor

Alexandre Del Rey
Sempre aprendendo

Alexandre Del Rey

Conselheiro & Founder I2AI

Conselheiro fundador da I2AI – Associação Internacional de Inteligência Artificial. Também é sócio-fundador da Engrama, sócio da Startup Egronn, e na consultoria Advance e investidor na startup Agrointeli . Tem mais de 20 anos de experiência em multinacionais como Siemens, Eaton e Voith, com vivência em países e culturas tão diversas como Estados Unidos, Alemanha e China.
Palestrante internacional, professor, pesquisador, autor, empreendedor serial, e amante de tecnologia. É apaixonado pelo os temas de Estratégia, Inteligência Competitiva e Inovação.
É Doutor em Gestão da Inovação e Mestre em Redes Bayesianas (abordagem de IA) pela FEA-USP. É pós-graduado em Administração pela FGV e graduado em Engenharia Mecânica pela Unicamp.

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