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Publicado em 16 de Janeiro de 2020

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Inteligência artificial: a tecnologia que você não pode deixar de entender

O que acontece agora é uma nova revolução: um conjunto de novas tecnologias vai levar a sociedade humana para outro patamar

Vejo que pouca gente se deu conta da natureza desta nova revolução tecnológica. Com a primeira e a segunda revolução industrial conseguimos controlar e dar mobilidade para a força por meio das máquinas a vapor e posteriormente a eletricidade. Com isso, o trabalho braçal, ao passar dos anos, foi sendo substituído por máquinas, ou automatizado. 

Já a terceira revolução que está se consolidando agora é completamente diferente. Ela gerou uma nova realidade que impactou de maneira irreversível a sociedade moderna. A 3ª Revolução Industrial disponibilizou para toda a humanidade a possibilidade de controle e mobilidade da informação.

Adeus, enciclopédias “Barsa” e “Conhecer”; adeus, discos de vinil e CDs; adeus, fitas de vídeo e DVD. O acervo de toda a informação mundial, com raras exceções, está disponível na internet para todas as pessoas do mundo com capacidade de acessá-la. 

Por meio da internet e dos dispositivos, como computadores e smartphones, conseguimos acessar uma quantidade de informação que há apenas 30 anos nem sequer imaginávamos ser possível, mesmo para uma grande multinacional ou país. Atualmente as maiores empresas em valor de mercado do planeta são aquelas que conseguiram compreender a natureza do big data, da internet e dos dados de computador e as novas regras da economia mundial. 

O que acontece agora é uma nova revolução: um conjunto de novas tecnologias vai levar a sociedade humana para outro patamar. E posso afirmar com toda a convicção que ainda pouco sabemos do potencial completo desta revolução, já que ainda não terminamos de compreender todos os benefícios e desafios da última.

Dentre todas as tecnologias disruptivas que estão se consolidando mundo afora, a inteligência artificial e as suas tecnologias relacionadas são para mim a grande protagonista desta 4ª Revolução (ver O motor da 4ª Revolução Industrial). Por meio dela conseguimos mais uma proeza, a de termos controle e mobilidade da inteligência.

Vamos olhar apenas para um conjunto de algoritmos conhecidos como de aprendizagem de máquina, e uma das suas subclasses, a aprendizagem profunda (deep learning). Um aspecto muito importante para este tipo de algoritmo: ele cria um paradigma tanto para a programação como para os negócios. A partir desse novo paradigma, não temos mais que saber programar todas as possibilidades, agora treinamos o algoritmo para identificar padrões. Melhor, podemos treiná-los com padrões identificados pelos melhores médicos, engenheiros, analistas de crédito e especialistas em moda.


Depois de treinar um algoritmo para identificar câncer de pulmão com base nos diagnósticos por imagem dos melhores oncologistas, temos não só o próprio algoritmo de diagnose de câncer no pulmão, mas, além disso, um algoritmo com grau de eficácia enorme, muitas vezes mais eficaz que alguns bons oncologistas humanos. 

Com a aprendizagem de máquina, e o deep learning, saímos de uma era de exploração de caminhos combinatórios do jogo do xadrez, e até mesmo do Go, para desafios mais complexos e cheios de possibilidades como estratégias para esconde-esconde, Poker ou StarCraft 2.

O caso das estratégias aprendidas por algoritmos com agentes “inteligentes” usando aprendizagem de máquina por reforço para o famoso jogo infantil esconde-esconde chama bastante atenção. Ele é uma iniciativa da OpenAi, organização sem fins lucrativos associada ao Elon Musk, megaempreendedor e dono de empresas como a Tesla, SpaceX e PayPal.

Após aprender um número enorme de vezes por meio de interações sequenciais e com multiagentes, os algoritmos de inteligência artificial encontraram soluções bastante sofisticadas –bloquear a entrada dos agentes que estavam procurando os que queriam se esconder, utilização de rampas para ultrapassar estas barreiras por conta dos agentes procuradores e até mesmo a exploração de lacunas no ambiente virtual construído, para criar situações não previstas pelos programadores, e de acordo com os desafios propostos. Algo surpreendente até mesmo para os idealizadores do experimento (para mais detalhes veja).

Assim, os impactos para os negócios são difíceis de imaginar. Novos patamares de performance são uma questão de tempo e de imaginação daqueles que conhecerem bem o potencial que cada um dos diferentes tipos de algoritmos de inteligência artificial podem fazer.

Arquiteturas híbridas que usam muitas tecnologias diferentes de inteligência artificial, como a proposta pela Soul Machines, são impressionantes. A Soul Machines é uma empresa neozelandesa que em 2014 lançava seu “Baby X” e agora tem um conjunto enorme de algoritmos de IA, que denominam de Humanos Digitais.

Hoje a empresa tem aplicações que dão suporte a donos de veículos Mercedes-Benz, cartões de crédito do Banco ANZ e produtos da Autodesk, compreendendo as suas necessidades e interagindo por meio de tecnologias de aprendizagem de máquina, reconhecimento de voz, de imagem e interações cada vez mais humanizadas.

Neste caso, conhecer bem as potencialidades das tecnologias de inteligência artificial não é algo recomendável, mas sim, algo obrigatório para todo gestor que quer se manter relevante nesta 4ª Revolução que está apenas começando.

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Sobre o Autor

Alexandre Del Rey
Sempre aprendendo

Alexandre Del Rey

Conselheiro & Founder I2AI

Conselheiro fundador da I2AI – Associação Internacional de Inteligência Artificial. Também é sócio-fundador da Engrama, sócio da Startup Egronn, e na consultoria Advance e investidor na startup Agrointeli . Tem mais de 20 anos de experiência em multinacionais como Siemens, Eaton e Voith, com vivência em países e culturas tão diversas como Estados Unidos, Alemanha e China.
Palestrante internacional, professor, pesquisador, autor, empreendedor serial, e amante de tecnologia. É apaixonado pelo os temas de Estratégia, Inteligência Competitiva e Inovação.
É Doutor em Gestão da Inovação e Mestre em Redes Bayesianas (abordagem de IA) pela FEA-USP. É pós-graduado em Administração pela FGV e graduado em Engenharia Mecânica pela Unicamp.

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