Enfim, telepatas!
Os últimos avanços das interfaces Homem-Máquina – por Alexandre Del Rey
Há coisas que estão deixando o mundo da ficção científica para adentrar o mundo das coisas reais que estão disponíveis para os cidadãos comuns. Uma delas, por mais estranha que pode parecer é a Telepatia. Nos últimos anos é incrível como os avanços na neurociência e principalmente na inteligência artificial com o uso de redes neurais e aprendizagem profunda (Deep Learning), e de sensores e atuadores cada vez mais precisos e baratos, que são a essência do que chamamos de Internet das Coisas (IoT) tem criados resultados fantásticos.
Empresas que desenvolvem dispositivos capazes de ler padrões de pensamento e ondas cerebrais já possuem aplicações práticas e reais, do que podemos chamar de telepatia. A Emotiv, um dos principais players do segmento, desenvolve tanto hardware como algoritmos de IA capaz de ser treinados para reconhecer padrões de pensamento específicos e habilitar decisões.
Vi aplicações muito interessantes sendo desenvolvidas no Brasil para navegação de drones e controle de SmartTV (mudança de canal, aumentar e diminuir volume). Num espaço de pouco tempo, vamos poder controlar dispositivos e objetos apenas com a força do pensamento. Comandos básicos já são uma realidade e há muitos equipamentos não intrusivos neste sentido.
Mas se há uma empresa de visão ambiciosa que quer trazer a interface homem-máquina para outro patamar, essa empresa se chama Neuralink. A Neuralink é uma empresa estabelecida por Elon Musk e mais oito sócios que tem como grande objetivo desenvolver interfaces cérebro–computador implantáveis. A empresa foi fundada em 2016 tem como visão de futuro criar maneiras eficientes que os humanos possam explorar todo o potencial de algoritmos de inteligência artificial sem intermediários. A conexão de algoritmos e dados diretamente com nosso cérebro é ainda um sonho distante. Mas alguns passos em conectar nossos pensamentos com máquinas de maneira unidirecional tem sido dado com muito sucesso.
Em abril de 2021, a Neuralink apresentou o implante feito em um macaco onde é possível que o macaco controle o jogo de videogame dos anos 70, Pong, apenas com a força do pensamento. Embora pesquisas com o mesmo tipo de resultado ou até com resultados mais interessantes já tenham sido apresentados ao longo dos últimos anos por centros de pesquisa e também por startups, o fato da Neuralink ter uma visão ambiciosa, o apoio do visionário Musk e muitos recursos para avançar na área trás sempre expectativas promissoras.
Foto: Neuralink, de Elon Musk, mostra macaco jogando Pong com a mente – Tecnoblog
O principal desafio em relação aos implantes cerebrais é a capacidade de manutenção destes implantes a longo prazo. Há dificuldade de se criar implantes que consigam se manter estáveis e em boas condições de funcionamento dentro do corpo humano.
Agora, do ponto de vista de compreensão cerebral e dos padrões de pensamento, os avanços são significativos. A capacidade de inferência dos algoritmos de Inteligência Artificial na compreensão das decisões e comandos cerebrais é um campo de conhecimento cada vez mais dominado. Os sensores de captura de informação ficam, ao passar dos anos, melhores e mais eficientes. Assim, com novas tecnologias sendo usadas com esse fim, empresas como a Neuralink, e visionários como Elon Musk, emprestando a sua genialidade para dar senso de propósito e aplicação a estas tecnologias, em breve, seremos todos telepatas!
