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Publicado em 8 de Janeiro de 2024

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Como podemos adquirir um conhecimento adequado para os desafios de um mundo tecnológico?

A minha história pessoal é repleta de formas diferentes de aprendizagem. Cada uma teve sua finalidade e, acredito, atingiu o seu objetivo. Algumas vezes, aprendi por meio de metodologias consagradas, como a auditiva e a visual, assistindo a um professor explicando a matéria em um quadro. Outras, foi por pura reflexão, raciocinando sobre o conteúdo de um livro que despertou meu interesse e me levou a caminhos que não andaria sem a ajuda dele.

Porém, os conhecimentos que ficaram fixos na minha memória e me permitiram desenvolver habilidades importantes, notadamente as voltadas para “solucionar problemas inéditos”, foram os adquiridos pelo exemplo de pessoas mais experientes, por comparação e por analogia, aplicando o conhecimento de uma área em outra completamente diferente.

Para isso, é preciso saber adaptar conceitos que também são verdadeiros para outras áreas do conhecimento e fazer "as perguntas certas"...

Entendo que aprendemos, no início, sem saber muito bem a razão. Estilos de aprendizagem não importam para quem aprende em tenra idade. O que conta é se cada criança está tendo sua curiosidade saciada. As formas de se realizar isso difere para cada indivíduo e a sorte conta um pouco, na medida em que se pode ou não encontrar pelo caminho professores que inspiram. O filme "Sociedade dos poetas mortos" (título original: Dead Poets Society) mostra um pouco a que estou me referindo.

Eu, por exemplo, quando criança queria apenas dar vazão à minha curiosidade, não me questionava a razão de me ensinarem inglês, algo que gostava de aprender. E quando eu não tinha curiosidade, ou ela não era despertada por quem queria me ensinar, eu não conseguia aprender ou aprendia de forma rasa.

Foi por meio de uma curiosidade quase obsessiva que trilhei caminhos tão diversos, como o militar, a logística, o empresarial, o governo, a tecnologia e agora amplio meus conhecimentos na apaixonante área de inteligência artificial (IA).

Sem conhecer os fundamentos das coisas e ter essa referida “curiosidade quase obsessiva”, isso seria impossível.

Ah, saber errar e aprender com os fracassos também foi uma forma importante de aumentar meus conhecimentos ao longo da vida. Ter expectativas frustradas e, mesmo assim, continuar é tão necessário como respirar! Profissionais emocionalmente frágeis não têm muita valia para o mercado, mesmo que sejam gênios...

Anos depois, conforme os obstáculos – pessoais e profissionais - foram surgindo, compreendi que conhecimento duradouro e robusto é aquele aprendido por meio de conceitos fundamentais e aberto às novas ideias, pontos de vista (desde que razoáveis) e desafios. São como uma massinha de modelar: podem ser adaptados, modificados...

Saber que um chuveiro elétrico é aquecido ao se ligar uma torneira e tomar um banho quente é algo intuitivo, simples de se aprender. Todos podem entender esse processo: abrir torneira = água quente. Todavia, compreender que ao se girar uma torneira diversos conceitos são “desencadeados” ou postos em prática, como os da área dos fluídos, da eletricidade e da termodinâmica, dentre outros, é diferente e infere um aprendizado mais consistente, duradouro e aplicável à realidade das pessoas e das empresas.

Em tempos de IA e de outras tecnologias disruptivas, precisaremos de um processo de ensino-aprendizagem com forte carga conceitual para compreendermos as mudanças que ocorrem e continuarão a ocorrer em velocidades vertiginosas. Além disso, estimular a curiosidade e a capacidade de "resolver problemas inéditos" será igualmente fundamental.

Saber como e porque as coisas acontecem (seus fundamentos e seus conceitos) será mais importante do que saber simplesmente fazer (imitar). Até porque a IA e outras tecnologias, como a robótica, podem, em muitos casos, fazer melhor e mais rápido do que seres humanos.

Fica a provocação para expandirmos nossa curiosidade sobre esse desafio atual para quem ensina, para quem aprende e para as empresas.

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Sobre o Autor

Heitor Freire De Abreu

Heitor Freire De Abreu

Sócio Proprietário da Pluvia Segurança da Informação e de Dados

Sócio Proprietário da Pluvia Segurança da Informação e de Dados | Segurança da Informação | Governança | Gestão de Riscos | Supply Chain | Membro da I2AI |Conferencista

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