.

Publicado em 30 de Maio de 2025

Compartilhar:

Letramento e o Analfabetismo em Inteligência Artificial

Por que dominar a IA será a nova alfabetização do século XXI

Vivemos uma era em que a inteligência artificial (IA) passou a ocupar um papel central em quase todas as esferas da vida: da saúde ao entretenimento, da educação ao mercado de trabalho, das decisões empresariais às relações interpessoais.

Em pouco tempo, sistemas baseados em IA deixaram de ser elementos distantes e técnicos para se tornarem ferramentas do cotidiano, ainda que invisíveis para muitos.

O problema é que, embora essas tecnologias estejam cada vez mais acessíveis, a compreensão crítica sobre como funcionam, suas implicações e limites, ainda é restrita a uma parcela muito pequena da população.

Essa lacuna de compreensão e habilidade com relação à IA nos leva à constatação de um novo tipo de exclusão: o analfabetismo em inteligência artificial.

Esse novo tipo de analfabetismo representa a ausência de letramento técnico, ético e funcional no uso de sistemas inteligentes. Ele está intimamente ligado ao analfabetismo digital — fenômeno já conhecido, que se refere à dificuldade de lidar com plataformas, sistemas e aplicativos básicos.

Segundo pesquisa da INAF, apenas 23% dos brasileiros possuem altas habilidades digitais, o que demonstra o baixo preparo para interações mais complexas com tecnologias.

Outra pesquisa nacional apontou que 4 em cada 10 brasileiros escolarizados têm dificuldade em realizar tarefas básicas na internet, como enviar um e-mail, buscar informações relevantes ou usar um aplicativo de forma autônoma.

Esses dados ganham ainda mais peso diante do avanço acelerado da inteligência artificial, que exige habilidades cognitivas e operacionais mais sofisticadas para que seu uso seja seguro, eficiente e produtivo.

A inteligência artificial impacta diretamente todas as áreas do conhecimento humano e das profissões. Na educação, por exemplo, ela pode personalizar o ensino, diagnosticar dificuldades de aprendizagem e ampliar o acesso ao conhecimento. Na saúde, auxilia no diagnóstico precoce e no monitoramento de pacientes. No setor jurídico, revoluciona a análise de dados e documentos.

No trabalho, substitui tarefas repetitivas, mas também cria novas exigências de qualificação. Até mesmo nas relações interpessoais, a IA está presente — mediando comunicação, moldando preferências, e até influenciando decisões afetivas por meio de algoritmos de recomendação.

Quem não entende o básico sobre como essas inteligências operam está mais exposto a manipulação, desinformação e à exclusão das oportunidades que elas podem proporcionar.

Diante desse cenário, o desafio do letramento em IA é coletivo. Governos, empresas e cidadãos possuem responsabilidades complementares.

Governos devem investir na inclusão da inteligência artificial desde a base educacional, como já fazem países como China e Estados Unidos, que adotaram programas estruturados para o ensino de IA nas escolas. A China, inclusive, desenvolveu um currículo nacional para estudantes do ensino fundamental e médio, enquanto os EUA têm promovido parcerias entre governos locais, universidades e empresas para capacitação desde os anos iniciais.

As empresas, por sua vez, não podem apenas usufruir das vantagens competitivas da IA sem oferecer formação contínua a seus colaboradores — é sua responsabilidade social preparar as pessoas para as transformações do mercado de trabalho.

Já o indivíduo precisa reconhecer que o letramento em IA não é mais uma habilidade opcional, mas uma exigência mínima de sobrevivência intelectual e econômica.

Buscar por capacitação, entender os limites éticos dessas ferramentas e aprender a utilizá-las de forma crítica é um dever pessoal inadiável.

Ignorar essa pauta é correr o risco de acentuar ainda mais as desigualdades sociais e profissionais já existentes.

O analfabetismo em inteligência artificial se configura como uma nova barreira de exclusão, tão perigosa quanto a falta de alfabetização tradicional — mas com impactos muito mais abrangentes e sutis.

Tornar-se fluente em IA é um passo essencial para garantir autonomia, cidadania e oportunidades no século XXI. Não se trata de saber programar ou construir algoritmos, mas de compreender o suficiente para não ser conduzido por eles sem saber para onde.

93 leituras 28 Curtidas

Sobre o Autor

Robson Clemente Da Silva

Consultor de marketing e comunicação e pesquisar de IA

Leia Também

93 leituras 28 Curtidas
Compartilhar:
Maratona de Inteligência Artificial I2AI
Próximo Evento

Maratona de Inteligência Artificial I2AI

De 14 a 25 de julho, reserve suas manhãs das 08h00 às 09h30 para participar da tradicional Maratona I2AI! Uma jornada intensa com debates e palestras sobre temas essenciais: Ética,